Eu vi um homem sentado num banco coletivo
de um transporte coletivo
que andava numa rua coletiva
de uma cidade coletiva
num mundo coletivo.
Mas de coletivo, tudo em volta, só tinha o nome.
Esse homem a nada tinha direito, mesmo sendo direito
na melhor das hipóteses ele tinha direito de viver
e de suar para conquistar o mínimo dos outros
seu máximo de cada dia

o sustento, o sustento
aos oito anos sua jornada começou
pelo sustento, o sustento
em busca do sustento, nem a família restou
Cada um por si, cada criatura q encontre seus ossos e carnes
e que se refaça, com a benção Deus
Os demais homens sentam ao redor
assistem à carnificina dos seus sonhos
brutalmente derrotados pelo asfalto do chão
pela moeda do cidadão
pelos gritos dos concorrentes,
entre o tumulto e a competição
o verde de seus olhos se ausentam
secam, caem as folhas
Mas o brilho do sol ainda está lá
e ele queima, no fundo de seus olhos se reflete
e o brilho da alma, sim, ele ainda está lá
no fundo de seus olhos ele queima, queima
Em busca do sustento
o homem esqueceu-se de toda a correria
perdeu-se nos olhos daquela menina
colocou-lhe um sorriso nos lábios
e com uma lembrança a presenteou.
A água, dos olhos da menina, jorrou
Quem sou eu para acalentar as almas doces deste mundo?

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