Vc pode ir com a cara de alguém e ser gentil com essa pessoa, isso ñ é uma questão política ou social, é uma questão pessoal e cada um faz o q quer com seu dinheiro e sorriso, oras! O problema está nas consequências desse nosso pensamento assistencialista onde tomamos para nós, no plano individual, uma responsabilidade q ñ temos e portanto ñ qremos permanecer com ela, só a qremos por alguns instantes. Mas direitos são direitos, e uma esmola ñ é direito de ninguém, como ñ é dever de ninguém, é caridade. Imagine q vc, como um trabalhador q é, só recebesse de vez em quando um dinheiro que ñ tivesse relação alguma com o serviço prestado, mas que fosse uma caridade de um colega de trabalho q recebe um salário regular? Imagine q o seu contratante fizesse isto, pagasse o salário a uns e a outros não, e aew os que recebessem tivessem a opção de dar uma parte ou não do seu salário àqueles q ñ recebessem nada. Isto seria justo? Vc ñ se indignaria com os colegas caridosos, mas há de reconhecer q se a parcela dos trabalhadores q ñ recebessem o q é seu por direito aceitasse ficar recebendo essa assistência dos colegas cujos direitos foram garantidos e vice-e-versa, ambos estariam fortalecendo este sistema. As chefias ñ precisariam fazer nada pq ambos os lados estariam vivendo bem assim, msm sendo uma organização injusta e desigual. E depois de um certo tempo, até msm os mais reivindicadores seriam calados pela manutenção desta organização. E se uma vez ou outra o colega assalariado ñ quisesse ou ñ estivesse em condições de ceder a ajuda ao colega escravo, ñ teria nada de errado nisso. É a mesma coisa, só basta substituir a condição de trabalhador para a condição de ser humano.
Eu vi um homem sentado num banco coletivo
de um transporte coletivo
que andava numa rua coletiva
de uma cidade coletiva
num mundo coletivo.
Mas de coletivo, tudo em volta, só tinha o nome.
Esse homem a nada tinha direito, mesmo sendo direito
na melhor das hipóteses ele tinha direito de viver
e de suar para conquistar o mínimo dos outros
seu máximo de cada dia

o sustento, o sustento
aos oito anos sua jornada começou
pelo sustento, o sustento
em busca do sustento, nem a família restou
Cada um por si, cada criatura q encontre seus ossos e carnes
e que se refaça, com a benção Deus
Os demais homens sentam ao redor
assistem à carnificina dos seus sonhos
brutalmente derrotados pelo asfalto do chão
pela moeda do cidadão
pelos gritos dos concorrentes,
entre o tumulto e a competição
o verde de seus olhos se ausentam
secam, caem as folhas
Mas o brilho do sol ainda está lá
e ele queima, no fundo de seus olhos se reflete
e o brilho da alma, sim, ele ainda está lá
no fundo de seus olhos ele queima, queima
Em busca do sustento
o homem esqueceu-se de toda a correria
perdeu-se nos olhos daquela menina
colocou-lhe um sorriso nos lábios
e com uma lembrança a presenteou.
A água, dos olhos da menina, jorrou
Quem sou eu para acalentar as almas doces deste mundo?